quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Fazer jornalismo não é escrever crônica

O que é jornalismo e o que o distingue da literatura?

Essa pergunta, de resposta fácil para os estudantes de jornalismo, que ao longo do curso travam conhecimento com os gêneros jornalísticos, pode se transformar numa grande batalha para os leigos.

Ela serviu, inclusive, como um dos argumentos para a “guerra” que está sendo travada na Justiça, objetivando eliminar a obrigatoriedade da graduação em jornalismo para o exercício da profissão.

Sim, isso acontece até sob a alegação de que não há espaço e liberdade de expressão nos meios de comunicação para o simples cidadão (entenda-se o não graduado em jornalismo) se expressar.

E aí começa a primeira confusão. Meios de comunicação e meios jornalísticos interagem, mas são diferentes. O que não impede as pessoas de terem espaço nos veículos jornalísticos para se expressarem.

Particularmente, vejo a crônica como um legítimo gênero literário que colabora com o meio jornalístico, seja qual for o suporte deste último: jornal revista, rádio, TV ou internet.

A crônica preenche parte dos espaços destinados ao lazer, cultura e entretenimento que compõem os veículos de comunicação (onde se instala o jornalismo), simplesmente porque são significativos às ações humanas.

O jornalista e professor universitáriio Welligton Pereira, autor do livro Crônica: a arte do útil e do fútil (editora Calandra, 2004), faz um interessante estudo sobre a crônica e sua trajetória, expondo várias teorias sobre o assunto e sua inegável contribuição para a arte literária.

Para fazer uma boa crônica é preciso gostar e saber escrever, ter boas histórias para contar. Muitos jornalistas, inclusive, gostam e escrevem crônicas muito bem.

De minha parte, a crônica é importante na comunicação, da mesma forma que as histórias em quadrinhos. Ambas servem para a manifestação de diferentes gêneros de comunicação. Mas, atenção: não se trata de gênero jornalístico.

Ela permite aos que gostam e/ou precisam se comunicar com a sociedade que o façam, sem a pretensão de serem ou se considerarem profissionais da imprensa.

São também exemplos dessa situação aquelas pessoas que manifestam suas preocupações, reclamações, agradecimentos etc, através de cartas ou e-mails enviados aos jornais e publicados em colunas denominadas “carta do leitor”, “você reclama”, entre outros. Nesses espaços escrevem médicos, pedreiros, advogados, jardinheiros, donas-de-casas, desempregados, estudantes... Cidadãos.

O que é muito diferente de fazer jornalismo.
Jornalismo é outra história.

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