sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

A alunos e recém-formados, uma dica: o Jornalismo Sindical está crescendo

Repasso texto enviado pelo jornalista e amigo Orlando Flexa, que atua na área sindical, como ele mesmo diz, o "patinho feio" do jornalismo.



O Brasil manteve um ritmo acentuado de crescimento nos últimos anos incentivado por diversas iniciativas públicas. Mesmo com o desenrolar da crise internacional desencadeada pela bolha hipotecária americana e o fundo de pensões, a imprensa internacional, embasada nas agências de classificação de risco, demonstra que iremos desacelerar – mas de forma alguma haverá recessão ou queda brusca de crescimento.

Por trabalhar na área sindical, lido constantemente com informações sobre demissões e contratações temporárias em gigantes como a Motorola, Delphi, Magnetti-Mareli e outras empresas de grande porte e, por serem justamente multinacionais, utilizam-se da moeda norte-americana para realização de transações. Em outras palavras: alegam que o alto custo do dólar está afetando diretamente a produção e o lucro estimado.

Nas últimas semanas fomos bombardeados com várias informações sobre a crise. Deparamos desde então todos os dias com as palavras: Demissões, Férias coletivas, Fechamento de planta fabril, Redução e corte de salários, entre outras.

O que é engraçado e deve ser ressaltado, é que pelos dados os quais tenho posse é que a crise está afetando muito menos estas empresas do que elas próprias relatam.

Vocês devem estar curiosos para saber "o que isso tem a ver com Jornalismo Sindical"!

Simples! Se não perceberam o encaixe dos fatos, eu vou procurar ser mais claro: A imprensa sindical é o patinho feio dos jornalismos. Poucas faculdades se atêm sobre o assunto, mas o brasileiro, hoje, é mais politizado e mais informado do que há tempos.

Sendo assim, a procura dos sindicatos por profissionais que sejam bem informados, capazes de redigir textos claros e alinhados com a realidade torna-se uma necessidade, pois estas entidades procuram levar aos trabalhadores dados não manipulados e voltados apenas ao bem da classe menos favorecida. Está crescendo uma demanda inestimável de jornalistas assessores de imprensa que tenham em suas características conhecimentos multifuncionais da profissão. Que sejam capazes de diagramar pequenos informativos, redigir releases, captar imagens e, principalmente, que possam ter um bom jogo de cintura com a imprensa local.

E por se tratarem de Sindicatos, os salários de jornalistas e as convenções coletivas de trabalho de nossa classe são respeitadas a rigor. Ou seja, o salário inicial é sempre o mínimo informado pelo Sindicato dos Jornalistas de São Paulo. Para que vocês entendam: você começa ganhando mais do que se começasse no Estadão, ou mesmo na Tribuna, e têm, de cara, garantido os reajustes da nossa classe.

Ou seja: trabalhar em Sindicato é mais do que compensador. O salário é melhor do que em muitos locais que pagam pouco e exigem muito. Por outro lado, nós, jornalistas, mantemos nosso ideal de levar a informação clara e precisa aos mais necessitados, uma premissa que se aprende desde o primeiro ano de faculdade. A verdade doa a quem doer!

Para elucidar sobre a área: os sindicatos, após a benéfica década de 80 (quando o sindicalismo cresceu apoiado na figura de Lula e na indústria automobilística do ABC paulista) perderam sua força nos anos FHC com a política neo-liberalista implantada pelos tucanos, mas hoje ressurgem como a lendária Fênix, saída das cinzas.

Alunos: não percam oportunidades. Deixem um pouco de lado a ilusória carreira televisiva, extremamente concorrida e mal remunerada, e procurem estes novos nichos de emprego pois, muita vezes, são extremamente compensadores e quase sempre desprezados.

Hoje é mais do que necessário produzirmos jornalistas politizados e engajados na informação sindical para que possamos exercer fundamentalmente a nossa profissão, sem cortes ou linhas editoriais que possam agradar somente a pequenos grupos de elite. Mas também é papel do aluno, enquanto cidadão, perceber e atuar ativamente nesta mudança.

O povo brasileiro merece ser bem informado. E este meio só compete a nós!

--
Saudações,
Orlando Flexa

Nenhum comentário: