sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Cobertura de Carnaval

Cobrir Carnaval era uma das ocasiões mais cansativas do jornalismo diário, quando Santos tinha um dos melhores desfiles oficiais de escolas de samba.

Escolas bonitas de verdade, com baterias nota 10 tão boas quando as do Rio, muitas fantasias e muita gente desfilando e assistindo.

Os desfiles começavam às 19 horas, quando os repórteres de pista tinham que estar na avenida, cada um se preparando para seu posto: cobrir concentração, dispersão, postos policial e médico, vendedores ambulantes e comércio fixo, povão, trânsito...

Os intervalos entre uma escola e outra chegavam a duas horas de espera. Haja paciência, haja brincadeiras entre os repórteres.

Até quem estava escalado para cobrir bailes dos clubes, quando terminava o serviço ia para a avenida, se juntar aos demais colegas.

Dias antes, na Redação, rolava uma vaquinha para comprarmos cerveja e levar para a Sala de Imprensa. Um lugarzinho cedido pela Prefeitura, apertado, coberto com lona, com uma máquina de escrever, uma cadeira e pilhas de laudas para quem quisesse ir adiantando as matérias.

O lanche a Prefeitura dava (sanduiche). Como também as credenciais. Todos os repórteres, de jornais, TV, rádios ganhavam credenciais, fossem ou não cobrir os desfiles. Era só a empresa enviar a relação com os nomes dos jornalistas para a Secretaria de Turismo.

Repórter cansado, que cochilasse sentado na calçada, corria o risco de perder o sapato. Eu tive uma sandália escondida sob o trono do Rei Momo e trabalhei descalça até que o dito cujo fosse embora com sua corte, já dia claro.

Dançávamos ao som da música mecânica que saia dos autofalantes presos ao madeirame das arquibancadas, de onde se ouviam as tradicionais e imortais marchinhas, enquanto a próxima escola não passava. Se chovesse, melhor ainda. Refrescava!

Andávamos de um lado para o outro, anunciávamos na Cabine de Som alguém perdido com as características e roupas de um colega jornalista. Quando ninguém mais aguentava de rir, ele percebia que a "criança" perdida era ele mesmo.

Trabalhávamos muito. Tinha desfile que acabava no dia seguinte, perto do meio dia. E ia todo mundo direto prá Redação, "bater" matéria. Suados, cansados, com confetes na roupa e no cabeço e serpentinas penduradas.

Era comum um fotógrafo tirar um cochilo no chão do Laboratório Fotográfico esperando para ver se a revelação ficou boa, ou um repórter dormir com a cabeça sobre a mesa, na Redação.

No meio da tarde chegavam os outros colegas, que não cobriam Carnaval, para o restante das coberturas jornalísticas. Sobrava pouco para eles, pois o jornal inteiro era quase que só Carnaval.

Eles viam nosso estado deplorável e não entendiam direito, nos achavam malucos por gostarmos daquele tipo de cobertura. Afinal, dali a pouco deveríamos estar de novo na avenida. Era só o tempo de ir prá casa, tomar um banho, comer alguma coisinha e voltar para a Passarela do Samba.

Isso, sem contar a cobertura das escolas campeãs, na Quarta-feira de Cinzas, que é outra história.

Êta maluquice gostosa!!!!!!!!!!!!

Nenhum comentário: