segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Ensinar ouvindo

Não adianta ficar com blá, blá, blá. Só prestamos atenção, nos envolvemos, pensamos, argumentamos e agimos se o assunto nos interessa, se diz respeito à nossa vida, à nossa felicidade. Se não for assim, podemos até escutar as palavras, mas não as assimilamos. Elas passam por nós como o vento.

Aí reside, exatamente, a base do aprendizado, seja na escola, na família, na sociedade.

Professores e pais precisam se aproximar das preocupações e das necessidades dos alunos/filhos, de suas experiências de vida. Conhecer para ajudar.

Mas isso é difícil, dirão muitos – ou quase todos. E argumentarão: Crianças, adolescentes e jovens vivem em outro mundo, quase intransponível, com gírias, gestos e costumes muito diferentes, que impedem o acesso de quem não é da turma.

É verdade, está cada vez mais difícil se penetrar nesse espaço quase abstrato para nós, os adultos. Um mundo desnivelado da nossa realidade. Mas, que tal começarmos ajudando nossos alunos/filhos a diminuir a dificuldade de expressar seus pensamentos, oralmente?

Isso mesmo: estimulá-los a falar. Por mais sem graça, aparentemente absurda e fantasiosa que seja a história, devemos ouvi-la com entusiasmo, com respeito, sem descuidos e sem sermões.

Temos dificuldades de externar nossas idéias, nossas peculiaridades, nossas experiências até mesmo para os que consideramos iguais. Que fará para quem sentimos não fazer parte do nosso grupo, do nosso meio.

Silêncios criam distâncias às vezes intransponíveis. Quanto mais seguro em falar de seus processos de mudança, em ser escutado em suas diferenças, mais preparado estará o ser humano para fazer suas escolhas individuais.

Mas, atenção: cada ser humano é único. Ninguém é perfeito. Nem professores, nem pais, nem filhos. Saber ouvir não é querer que todos pensem e ajam da mesma forma.

Ouvir é uma das maneiras de saber onde nossos alunos/filhos estão na tortuosa trajetória da aprendizagem humana e ajudá-los a encontrar respostas, se for o caso, até com o nosso silêncio.

Afinal, toda mudança tem início dentro de nós mesmos. Não adianta blá, blá bla.

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