Vivemos sob o estigma de que não existe tradição de leitura no País, dada as condições do seu desenvolvimento histórico e cultural. A leitura, enquanto atividade de atualização e lazer, sempre se restringiu a uma minoria de indivíduos e as dificuldades econômicas levantaram barreiras para o acesso à leitura.
A importância do jornal impresso na produção de conhecimentos é destacada por vários e importantes educadores, e é sabido que é importante a possibilidade de levar às pessoas fatos atuais através das reportagens, uma espécie de forma especial para reunir o que é preciso narrar na vida diária, a única que realmente existe, com suas minúcias, suas importâncias e “desimportâncias”, como diria o poeta Manuel de Barros.
A reportagem concretiza, entre nós, uma forma de conhecimento da atividade social, permite compartilhar com os leitores o destino de um pedaço específico da humanidade.
Atribui-se ainda à análise crítica da informação jornalística, a possibilidade de articulação entre os aspectos socioculturais e comportamentais das relações do homem com a realidade dos indivíduos, enfim, com o seu meio.
E, nesse aspecto, destaco os jornais de bairro como importantes ferramentas para levar o morador a conhecer mais sua região, a ter uma fonte que se permita ser seu interlocutor junto às autoridades e órgãos públicos, que lhe possibilite externar ideias, sugestões, enfim... ser cidadão do seu bairro.
A leitura crítica dos veículos de comunicação como instrumento de acesso à cultura e de aquisição de experiências principia na escola, onde as novas gerações devem ser iniciadas sistematicamente no mundo dos media.
Sabemos que as condições financeiras de muitos estudantes, em especial dos alunos dos cursos noturnos, também interferem da prática da leitura. Muitos não têm dinheiro para comer, que fará para comprar jornal.
Mas há empresas jornalísticas que mantêm programas de incentivo à leitura de jornais e revistas em sala de aula, e jornais cujo encalhe pode ser cedido a escolas. Tudo é questão de querer, de conversar, de correr atrás.
Há muitos fatores de relevância para a prática pedagógica com jornais: os jornais impressos apresentam os fatos em uma dinâmica diferenciada dos livros didáticos devido às suas características próprias (atualidade e proximidade dos fatos/leitor, fotografias, charges e tiras de histórias em quadrinhos), permitindo uma estrutura curricular flexível e facilitadora da motivação.
A própria verificação do aprendizado ocorre de várias formas e possibilita a manutenção da motivação do aluno, através da realização de jornal-laboratório; jornal-teatro; discussões e outros processos diferenciados e dinâmicos.
A informação dos jornais não faz parte de uma programação predeterminada e não segue um método pedagógico específico, mas, como os textos jornalísticos, apesar do caráter intencional, de faltar-lhes a sistematicidade programática e curricular típica da educação formal, dizem respeito ao homem e à sociedade.
Aí sim, falamos de Educação. Educação que não faz com que o indivíduo transforme a sociedade, mas que vai dar-lhe suporte para minimizar os processos sociais negativos, fazendo-o perceber que se agir na sociedade, vai conseguir mudar alguma coisa.
terça-feira, 1 de setembro de 2009
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário