terça-feira, 5 de agosto de 2008

Documentarismo, o jornalismo inteligente

O escocês John Grierson, precursor do terno documentarismo e pioneiro nos estudos sobre documentários, isso lá pelos idos de 1930, se vivo, é bem provável que ficaria horas diante de um aparelho de TV, assistindo à grande quantidade e diversidade de documentários exibidos em canais a cabo e alguns abertos, como as Tvs Cultura e Futura.

O crescimento dos documentários em TV é visto com bons olhos por muita gente que gosta desses filmes que privilegiam a realidade (ou o que de mais próximo se possa chegar a ela).
Mas, nem sempre a situação foi boa. Os documentários no Brasil quase que despareceram junto com o histórico Globo Shell e o Documento Especial, da extinta Manchete.

Apaixonado por documentários, o prof. dr. Antônio Brasil, docente de telejornalismo e coordenador do laboratório de televisão da UFRJ, em um artigo intitulado Crônica de uma morte anunciada, mostrou preocupação com o possível desaparecimento dessa forma de se fazer jornalismo com grandes temas, em profundidade, investigativo e ousado.

É dele uma frase de que gosto muito: "Assim como existe universidade para analfabetos também existe televisão para quem não sabe ler, escrever, pensar. Mas também existe um gênero de programas que proporciona qualidade para seus telespectadores, prestígio para seus anunciantes e para os donos das redes de televisão, além de alcançar excelentes índices de audiência, premiações internacionais e até um certo número de boas críticas. São os programas de documentários para TV".

Os documentários ganham cada vez mais espaço nas TVs segmentadas. Quer aventura, vida selvagem, exploração? O National Geographic Channel oferece. Seu interesse são os fatos que mudadaram o mundo? Assista ao History Channel. Sua busca é por entretenimento baseado na vida real? O Discovery Channel proporciona essa experiência. Prefere o mundo animal? O Animal Planet é totalmente dedicado aos bichos. Paranormalidade, esoterismo... O Infinito leva você a refletir sobre esses temas.

Há uma nova realidade pela frente também entre as emissoras abertas, que estão incluindo o documentarismo na grade de programação. Record, Globo, SBT já se arriscam no gênero. Alguns com uma linguagem bastante conservadora, muito mais poética que denunciante, pouco cinematográfica. Masc estão fazendo.

O Futura apresenta, entre vários outros, o já consagrado projeto Passagem para... produzido pelo jornalista Luís Nachbin, que percorre o mundo com uma câmera para mostar como vivem povos de localidades e realidades distantes da nossa. A TV Cultura tem a maior e mais diversificada gama de documentários divididos em vários projetos.

Novas formas de captação de recursos, incentivos e premiações aparecem. Os anunciantes já percebem a importância de estarem associados a essa fonte de informação.

Um bom recomeço para se produzir o melhor do jornalismo para a televisão: os documentários para TV.

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