É comum o repórter "cair" na Editoria de Artes sem qualquer preparo, apenas porque escreve bem. Isso ocorre, especialmente, porque as universidades não oferecem formação específica nesse campo, são raros os cursos de especialização na área e as empresas jornalísticas têm pouco interesse no Jornalismo Cultural.
Com isso, a formação do jornalista em cultura acaba acontecendo no dia-a-dia, muitas vezes em saber exatamente o que está fazendo, como e por que.
Alguns percebem que a cultura está atrelada a hábitos culturais e que, portanto, é dinâmica e deve estar voltada ao que a sociedade produz, com suas mudanças diárias.
Outros, entretanto, preferem escrever para um pequeno grupo, elitizado, e se contentam em utilizar um espaço importante e caro em detrimento de muitos, sem fazer qualquer esforço para aceitar as mudanças que se fazem necessárias e enxergar o verdadeiro papel do Jornalismo Cultural.
Por parte dos editores a situação também não é simples. Enquanto alguns estão preferindo ater-se à prestação de serviços, utilizando apenas trechos de informações contidas em releases para complementar a notícia, uma outra corrente está trocando a crítica pela reportagem. Há ainda editorias que têm vários críticos - um para cada arte -, enquanto outras nunca tiveram qualquer crítico, embora não se furtem ao exercício da análise das artes.
András Szantó, em Rumos(do)Jornalismo Cultural (Summus Editorial e Rumos Itaú Cultural) destaca que o Jornalismo Cultural é a especialização jornalística de mais baixo estatus na maioria das redações, e que a cobertura de teatros, museus ou música está cada vez mais empacotada com artigos sobre estilo de vida, jardinagem e culinária.
Ele aponta que nos Estados Unidos (e aqui não vejo diferença), as artes não são vistas como uma prioridade essencial. E afirma: "As artes crescem como indústria, mas o sentido de importância visceral - de que a vida simplesmente não pode ser imaginada sem artes - não é parte importante do discurso público".
A complexidade do assunto é real e merece aprofundamento.
Mas, há algo certo a se afirmar: um texto vivo, contagiante, atual, colorido, produzido por jornalista com um repetório mínimo sobre o assunto mas que saiba o que o seu leitor/telespectador/internauta quer, aberto ao novo e ao que esteja acontecendo, são requisitos essenciais para começarmos a mudar esse panorama.
sexta-feira, 22 de agosto de 2008
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