quinta-feira, 16 de abril de 2009

Caçada à arte

É a vida imitando a arte?

Essa pergunta, que consta da sinópse do filme "A Caçada", de Richard Shepard, nos leva a pensar, mais uma vez, nas possibilidades que o jornalismo ofecere.

Levei esse filme para a turma do 1º módulo de Jornalismo Multimídia assistir, pelo interesse em discutirmos o trabalho do jornalista correspondente de guerra.

Baseado em fatos reais, o filme tem por cenário a Bósnia, cinco anos depois do fim da guerra.

O veterano jornalista Simon Hunt (Richard Gere), acompanhado do também experiente e amigo cinegrafista Duck (Terrence Howard) e do foca Benjamin, filho do vice-presidente da emissora de TV, segue atrás de um dos criminosos de guerra mais procurados na face da terra.

Apesar das pitadas de ficção necessárias à arte cinematográfica, "A Caçada" mostra muito sobre como fazer reportagem e quais seus principais ingredientes, que são uma equipe experiente, coesa, de qualidade e unida, onde a confiança supera obstáculos e a vontade de escrever a História mais próxima possível da verdade é a meta.

Hoje, os correspondentes de guerra não são como os mostrados no filme. Faz-se coberturas de guerra em prédios envidraçados, com todos juntos - jornalistas, cinegrafistas, fotógrafos - e longe dos perigos dos mísseis.

As filmagens e fotos acontecem com a autorização das autoridades da guerra, em dias, horários e locais que eles estabelecem. Tudo muito exato e calculado por quem faz a guerra. A imprensa se utiliza algumas vezes de veículos dos exércitos, guiados por soldados, para fazer seu trabalho de campo.

Há exceções, é claro. Jornalistas e cinegrafistas ainda morrem em coberturas de guerra ao se aventurarem sozinhos por caminhos não permitidos. Mas são casos cada vez mais raros.

Os correspondentes de guerra continuam sendo muito bem pagos para faz seu trabalho, e esses profissionais continuam sendo voluntários. As empresas não podem obrigar ninguém a fazer cobertura de guerra. Nisso não houve mudanças. A adrenalina que esse tipo de cobertura oferece, comentada no filme pelo jornalista Simon, também deve ser a mesma.

E não há, na minha opinião, motivo para profissionais colocarem a vida em risco para mostrarem ao mundo as barbaridades que o homem pode cometer contra sua própria raça.
Equipamentos de última geração chegam bem próximo da barbárie, sem a perigosa proximidade do profissional da imprensa.

Do filme - que, repito, vale ser assistido também pelas implicaões políticas expostas -, fica outra análise, também interessante:

Se a arte imita a vida, a vida imita a arte, e o jornalismo retrata a vida...
Não restam dúvidas: Jornalismo é a grande arte de contar fatos reais.

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