A adoção, por parte dos docentes de Ensino Superior, do jornal impresso como recurso didático auxiliar e instrumento de análise da realidade, posicionando o aluno de forma crítica na sociedade, está longe de um índice satisfatório, se comparada com o que vem sendo realizado nos ensinos Fundamental e Médio.
Quando equiparada com outros recursos pedagógicos, a leitura de jornais, também na universidade, aparece relacionada a expressões degradantes como “matar aula” e “matar o tempo”, aparentemente análogas ao prestígio e capacidade do professor. E vários são os fatores que levam a isso.
Vivemos sob o estigma de que não existe tradição de leitura no País, dada as condições do seu desenvolvimento histórico e cultural. A leitura, enquanto atividade de atualização e lazer, sempre se restringiu a uma minoria de indivíduos e as dificuldades econômicas levantaram barreiras para o acesso à leitura.
Paralelamente a esses fatos, houve, nas últimas décadas, um surto de criação de novas faculdades, onde são comuns queixas dos professores sobre a carência cultural de grande parte dos alunos que nelas ingressam.
Embora com atraso, é preciso que se desenvolva nesses estudantes a conscientização da importância de se manterem informados, de enriquecerem seus conhecimentos culturais. O que implica em professores mediadores desse processo em sala de aula.
A utilização pedagógica de jornais contribui para esses objetivos. Minha experiência pessoal como professora de Comunicação Social (Jornalismo) e como jornalista profissional, leva-me à essa afirmação, sem temor de erro.
Fato abalizado, inclusive, pelos resultados satisfatórios percebidos em meus próprios alunos, e que estimularam a direcionar minha dissertação de Mestrado para a leitura crítica de textos jornalísticos nas classes de primeiro ano dos cursos de Jornalismo.
A importância do jornal impresso na produção de conhecimentos na universidade é destacada por vários e importantes educadores, a exemplo de Ezequiel Theodoro da Silva, pesquisador que tem dedicado parte de sua vida ao incentivo da leitura crítica. Ele afirma que a produção e divulgação da ciência e da cultura parece caminhar por meios que se utilizam da expressão escrita; assim sendo, pelo menos na grande maioria das vezes, o livro, o periódico (jornal), a revista especializada são os meios mais práticos para a circulação do conhecimento.
É sabido que a possibilidade de levar aos alunos fatos atuais se concretiza com as reportagens, uma espécie de forma especial para reunir o que é preciso narrar na vida diária, a única que realmente existe, com suas minúcias, suas importâncias e “desimportâncias”, como diria o poeta Manuel de Barros.
A reportagem concretiza, entre nós, uma forma de conhecimento da atividade social, permite compartilhar com os leitores o destino de um pedaço específico da humanidade.
Considerando-se a Educação a Pedagogia do Conhecimento, todo tipo de ação pedagógica deve, portanto, comprometer constantemente os alunos com a problemática de suas situações existenciais.
Atribui-se ainda à análise crítica da informação jornalística, a possibilidade de articulação entre os aspectos socioculturais e comportamentais das relações do homem com a realidade dos indivíduos, enfim, com o seu meio.
A leitura crítica dos veículos de comunicação como instrumento de acesso à cultura e de aquisição de experiências também é defendida pelo prof. Dr. José Marques de Melo, quando diz que a tarefa de disseminar a leitura crítica da comunicação principia na escola, onde as novas gerações devem ser iniciadas sistematicamente no mundo dos “media”, aprendendo a compreendê-los como engrenagens da difusão simbólica, que possuem suas próprias gramáticas.
Ou seja, que recorrem a artifícios de codificação, consentâneos com a sua natureza tecnológica, e cujo conhecimento por parte dos estudantes os capacitará a realizar leituras desmitificadas.
sexta-feira, 10 de outubro de 2008
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