quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Seres estranhos na sala de aula

Considero a sala de aula - ou qualquer outro lugar onde professor e alunos se encontram para trocar idéias e conhecimentos - muito interessante e peculiar.

Primeiro, por reunir uma pequena parcela da comunidade que passou a fazer parte de um grupo sem que um tivesse escolhido o outro.

O professor não escolhe para quem dará aulas, os alunos não escolhem os colegas e tampouco os professores. Simpatia, empatia, antipatia ou seja lá qual for o fator que nos faz ser agradáveis ou não aos outros, não são levados em consideração na formação desse grupo.

Outra questão que dificulta o período inicial de adaptação desses estranhos são as características individuais: num mesmo ambiente reúnem-se extrovertidos, críticos, autoritários, falantes, debochados e/ou alegres com outros, totalmente opostos: introspectivos, tímidos, com baixa alto-estima, submissos, tristes...

Há, ainda, os que querem estudar, aprender, e os que não estão nem aí.

À essa gama de heterogeneidade deve-se somar os fatores extra-escolares que se carrega para dentro da classe: experiências de atuação ou discriminação no pequeno grupo social em que se vive (família e amigos), interação social, aspectos econômicos, etc, etc.

Várias outras questões completam esse quadro, tão semelhante a um quebra-cabeças de milhares peças, e que fazem da sala de aula uma célula da sociedade, onde há, digamos, de tudo um pouco.

A Sociologia da Educação apresenta várias formas e níveis de interação que facilitam ao professor trabalhar nesse meio tão diversificado (do qual ele faz parte), sendo um dos mais importantes, a cooperação.

Para o sociólogo Nelson Pilettti, a cooperação é ideal para o aprendizado da convivência com os diferentes. Para esse estudioso, é o grau de cooperação que identifica os alunos de uma classe como um grupo particular com características próprias que o distingue dos demais.

Quando os alunos começam a cooperar uns com os outros - o que é totalmente diferente de fazer um trabalho e colocar o nome do amigo que não fez nada - ele está valorizando a si mesmo como ser humano e também ao colega.

Taí o início de uma ação conjunta efetiva, porta aberta para a ação social transformadora.

Não é simples, não. Mas é possível.

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