quinta-feira, 24 de julho de 2008

Nivelar por baixo

A obrigatoriedade ou não da formação superior específica para o exercício do jornalismo deverá ser decidida em agosto, por 11 ministros do Supremo Tribunal Federal.

Espera-se que o Recurso Extraordinário do Ministério Público Federal que questiona a regulamentação profisssional que entrará em pauta no Supremo Tribunal Federal, ponha um fim satisfatório à novela sobre jornalistas não precisarem de faculdade para o exercício profissional. Uma história que se arrasta desde outubro de 2001,fruto de uma ação jurídica movida na 16ª Vara Cível da Justiça de São Paulo pelo Sindicato das Empresas de Rádio e Televisão no Estado de São Paulo.

Os sindicato dos jornalistas profissionais e a Federação Nacional dos Jornalistas - Fenaj, vêm ao longo desses anos travando uma verdadeira luta pela manutenção do diploma. Entre reconsiderações, recursos, instâncias, o diploma deixou de ser exigência, voltou a ser obrigatório, e novamente perdeu validade para o exercício da profissão em novembro de 2006.

Tento ler e ouvir o máximo de informações, análises e opiniões sobre a questão.
Primeiro, porque sou jornalista profissional diplomada há 30 anos, militante na profissão desde o segundo ano de faculdade. Meu primeiro registro em carteira de trabalho é na função de repórter provisionada da Empresa Folha da Manhã S.A.
Segundo: sou professora universitária em um curso de Jornalismo há 11 anos.

Para ser jornalista cursei uma faculdade de Jornalismo; para ser professora universitária, fiz mestrado em Educação, com ênfase no ensino superior.
Ou seja: fui buscar conhecimeno específico para atuar nas duas profissões que exerço. É uma questão de respeito a mim mesma e àqueles que dependem do que transmito a eles em algum momento.

Minha dissertação de mestrado analisou examatamente o analfabetismo funcional nos primeiros ciclos dos cursos de jornalismo da Baixada Santista e até que ponto a leitura de jornais poderia ajudar a eliminar ou minimizar esse problema, fruto direto do ensino básico falho e fraco que a maioria dos brasileiros recebe e de processos seletivos fantasiosos.

Não é minha intenção discutir aqui questões econômicas, de qualidade do ensino superior, liberdade de expressão, defesa da categoria, e nem mesmo por que as redes de TV teimam em querer colocar atores e atrizes de rosto bonito e corpos esculturais no lugar de jornalistas.

Minhas palavras serão curtas e breves, até porque existem pessoas muito mais abalizadas para isso. Querem saber a opinião de algumas? Entrem no site do Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo (www.jornalistasp.org.br) ou no site da Fenaj (www.fenaj.br) e leiam a última edição do Unidade, o jornal dos jornalistas.

Quanto a mim, nos 11 anos de vivência em salas de aula, já ouvi incontáveis e as mais variadas perguntas. Tento reponder a todas, e se não sei a resposta, vou estudar, pesquisar, para depois voltar ao assunto. Quero e preciso aprender, sempre. É uma questão ética, de escolha de vida.

Porém, não consigo responder, nem a mim mesma, à indagação: por que, num país tão miserável de cultura e educação (e tantas outras necessidades básicas) como o nosso, há ainda quem pense em nivelar uma profissão, seja ela qual for, por baixo?

Até amanhã.

2 comentários:

João Malavolta disse...

Parabêns professores pelo Blog.

Com certeza esse é um espaço para expressão do verdadeiro espirito da comunicação "social", e esperamos que possamos ver por aqui um jornalismo libertário, longe das amarras sistêmicas das engrenagens do capital que tedencionaliza toda a mídia.
Se der passem por lá: www.ecobservatorio.blogspot.com

Aloha

Unknown disse...

Questão muito pertinente a ser analisada e discutida!
Irresponsável e imprudente é aquele que pensa que uma profissão, seja ela qual for, não necessita de aprimoramento, aprendizado, talento, disciplina e etc...