Este é mais um dos textos de colegas jornalistas sobre o fim da exigência do diploma, que estou colocando à disposição de vocês. A autora é a jornalista diplomada Chrystianne Leite, professora e coordenadora do curso de Jornalismo da Unimonte, em Santos (SP).
"Aos colegas de profissão e estudantes de jornalismo que, como eu, receberam, perplexos, a notícia do fim da obrigatoriedade do diploma de Jornalismo.
Eu teria que reunir muitas expressões como essas para definir o que foi, para mim, o fatídico julgamento do Supremo Tribunal Federal. Indignação, revolta, tristeza e decepção são apenas alguns dos substantivos que me vêm à cabeça quando relembro parte dos discursos de cada ministro contrário ao diploma de Jornalismo.
A sensação que ainda tenho é de que isso não passa de um pesadelo, como tantos outros que os jornalistas vivenciaram, principalmente no período da ditadura militar. Custa-me acreditar que, em pleno regime democrático, a categoria esteja levando uma rasteira como essa.
Como coordenadora de um curso superior de Jornalismo, sei que as faculdades de Comunicação do nosso país não são perfeitas. De todas elas, boas ou ruins, saem profissionais excepcionais e medíocres. Mas isso não é “privilégio” dos cursos de Jornalismo. Isso ocorre na formação de estudantes de todas as profissões. De tanto ser mal atendida em consultórios médicos, minha mãe, por exemplo, costuma dizer que morre de medo de cair nas mãos de médicos formados com média 6 na faculdade.
O panorama do ensino brasileiro não é o que todos queremos, mas daí a desvalorizar o diploma universitário...
Na verdade, o que precisamos fazer é valorizar ainda mais esse documento, investindo na formação e remuneração dos nossos professores, na montagem de bons laboratórios, no estímulo a novas pesquisas e atividades de extensão...enfim, em tudo o que possa contribuir para a formação de um profissional tecnicamente capacitado, ético e consciente de suas responsabilidades sociais.
Interesse econômico e político
A meu ver, a decisão dos ministros Gilmar Mendes, Carmen Lúcia, Ricardo Lewandowski, Eros Grau, Carlos Ayres Britto, Cezar Peluso, Ellen Gracie e Celso de Mello só é perfeita para dois públicos: para os empresários da comunicação, que ganharão mais força nas negociações salariais com a enxurrada de novos “profissionais” no mercado; e para os maus políticos, que poderão contar com “profissionais” desqualificados e, portanto, mais fáceis de serem “levados no bico”.
Aos estudantes, só tenho a dizer que, mesmo diante de tantos percalços, ainda vale a pena seguir a profissão e, mais do que nunca, fazer uma faculdade de Jornalismo. Com essa decisão do STF, a oferta de trabalhadores da comunicação vai aumentar, mas a oferta de Profissionais com letra maiúscula, não vai se alterar. Mais do que nunca, é a formação de qualidade que vai dar o diferencial que vocês precisam para entrar no mercado. Só mesmo um empresário sem visão, vai preferir um profissional desqualificado a um profissional bem formado, focado e sem vícios".
domingo, 21 de junho de 2009
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